José di Ambrósio

Paraíso do Tocantins

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O Rio

Autor(es): José di Ambrósio

LETRA:

O Rio

 

Um rio passou diante dos meus olhos

Nos idos dias de minha infância 

Ah! Meu Rio dos Remédios 

Quanta pena de você 

Um fio d'água, uma lágrima latente

A lágrima do povo sofrido

Que quase não podia atender

Os refugiados com fome e com sede

Estafados da vida e das promessas

E o milagre da chuva sem acontecer

A vida uma desventura entre eles e você

 

Ah! Meu rio, teu corpo esquelético 

 De onde traz tanta dor?

Me dá mais um pouco do teu sangue 

Teu corpo, as cacimbas, de tanto amargor

A dor que levou homens à distâncias

Que carregou as tuas crianças 

Das sombras das gameleiras 

Do meio das malvas insistentes

Lapidando seus rostos

Os fazendo adultos antes do tempo

 

Um rio passou diante dos meus olhos

Qual sangria desatada e inclemente

Fruta temporã, sonho de uma manhã 

Os braços fortes no afã de te encontrar

Mas sequer lhes destes chances de sonhar

Teu leito seco, tuas margens vazias

A cidade sequer te vivia

A cidade sequer te bebia 

 

Ah! Meu rio, teu corpo esquelético 

De onde traz tanta dor 

Me dá mais um pouco do teu sangue 

Teu corpo, as cacimbas de tanto amargor 

A dor que levou homens à distâncias 

Que carregou as tuas crianças 

Das sombras das gameleiras 

Do meio das malvas insistentes 

Lapidando seus rostos 

Os fazendo adultos antes do tempo 

 

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