SÉRGIO SANTHIAGO

RIO DE JANEIRO

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"Linda infância"

Autor(es): SÉRGIO SANTHIAGO

LETRA:


Tudo foi de brincadeira
Muito de qualquer maneira
Bola de gude, pedra e atiradeira
Vidro moído, cola de madeira
Pipa que voa a toa pela linha
Rebola no ar com linda rabiola... 

Sem noção, viver de brincar
Correria, você se escondeu
Eu te achei, pique-bandeira
Bola fora, pião e queimado
Corre, o rapa vem enfezado...

Lá vem o bate-bola
Querendo assustar 
Rapaziada já esperta
Sempre em alerta
Não dá chance pro azar...

Hora de sair, hora de pensar
Ou procurar o tal lobisomem
Que o povo diz que vai chegar
Será que ele vem ou se esconde?
Lindo mundo do faz de conta
A gente reconta para comemorar...

Eu também, aqui estou e vou
Me esconder de tudo mundo
Brincar muito de quase tudo
Quero chutar a bola que vem 
Na direção, quintal ou vidraça
A molecada corre pra casa... 
 
Bom demais ser criança
Demais nossa infância
Sempre vou me lembrar
Aqui estou para contar 
Alguns segredos sem medo
Que ninguém decobriru
Ou outra história inventar...
 
Brincar com fogo proibido
Banho de chuva restrito
Descer pela via acelerado
Paquerar sem intenções
Perto mais perto do beijo
Gente inocente e carente 
Menina que sequer olhou...
 
Vontade de brincar, correria 
Majestoso carrinho de bilha
Rua inteira, descendo a ladeira
Querendo decolar ou pilotar
Papo de portão, papo sem noção
Chega de reclamação, hora de ir
Sonhos de um campeão...
 
A vida que passou
Criança que cresceu
Gente que vem ou vai
Gente que desaparece
Lembranças que ficam
Olhos lá bem distantes
Emoção de tudo lembrar...

Se a gente pudesse viajar 
Mergulhar no tempo, voltar
Nada mudaria, tudo outra vez 
Apenas tudo muito mais feliz
Muito mais do que quis e fiz

Doce infânica que não vai 
Fica para sempre e volta
Adormece, desperta e acorda 
Para dizer quem eu sou, e diz
Sou apenas um velho aprendiz...
 
Eu agradeço muito
Ter estado com vocês
Vou contar pra todo mundo
Quase tudo que aprontamos
Assim de verdade, quase tudo 
Segredos nós levamos
Segredos não revelamos
Segredos nós guardamos
Sempre sermos o que somos...
 
 
 
 
 
 
 
 
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